segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Já cheira a eleições autárquicas



Muito em breve teremos os candidatos às Câmaras e Assembleias Municipais a formalizarem as suas candidaturas e a apresentarem os seus programas eleitorais. Dado que no contexto político autárquico a individualização do poder também prevalece, esses mesmos candidatos irão corporizar os interesses, necessidades e expectativas do eleitorado.

Surge então um factor que considero essencial na escolha dos melhores representantes para os munícipes – conhecimento da realidade municipal. Devem, assim, os próximos líderes: compreender as necessidades e potencialidades do concelho, conhecer os principais agentes económicos e sociais, e estarem familiarizados com o historial e as dinâmicas do município. 

Se estar próximo da população se torna fundamental, também outro factor se torna incontornável: conhecer as competências do órgão para o qual pretendem ser eleitos e não inventar ou sugerir competências que a lei não atribui aos municípios.

Saliento isto porque, no momento de apresentarem os seus programas ao eleitorado, muitos candidatos se esquecem de que o papel que vão desempenhar está balizado e começam a prometer coisas que não podem (até porque muitas dessas promessas não se inserem na esfera das competências municipais, mas sim do Poder Central).

É importante, neste sentido, relembrar que fazer política local vai muito mais além da gestão de recursos e fundos estatais. Fazer política local é ir mais além. É explorar os recursos colocados à disposição para promover o desenvolvimento local, é estabelecer parcerias, é atrair investimento e estimular o tecido empresarial. Fazer política local passa, igualmente, por envolver a sociedade civil na construção e materialização dos projectos municipais, algo muitas vezes ignorado pelos agentes políticos.

Chamando a atenção para alguns municípios que estagnaram (ou até mesmo regrediram) económica e socialmente devido ao choque entre os poderes local e central, recordo que fazer política local também é desenvolver um bom relacionamento com o Governo, independentemente da sua cor partidária, e defender o município em detrimento do interesse conjuntural do partido político de que são membros.

Por tudo o que mencionei espero que os eleitores votem em consciência e segundo a validade das propostas que os candidatos apresentem, secundarizando afinidades pessoais e cores políticas.

Os eleitores não podem esquecer que os municípios são a base da personalidade política nacional e que o seu voto não terá unicamente influência ao nível local, mas determinará, em grande parte, a qualidade de todo sistema democrático.

0 comentários:

 
O Talho da Esquina © 2012