domingo, 28 de outubro de 2012

Memorando: Quo Vadis, Passos?




Refundar. A palavra usada por Passos Coelho usada para definir o memorando é vaga e não admite muitas esperanças para os adeptos da renegociação. Mas é de notar uma mudança no discurso. De “ir além da troika” para a necessidade de “refundar” o memorando.

Isto leva-nos a pensar: terá Passos olhado para trás e pensado que este caminho estava a ser contraproducente? Que sim, o défice tem que ser eliminado (ou pelo menos reduzido significativamente), mas não pode sê-lo à custa do consenso social? Era óbvio que Passos precisava de por um travão à contestação.

Mas se Passos não admite negociações, já que se quer ver livre da Troika em 2014, o que quer dizer por refundar? Admitirá mudanças no Orçamento de Estado? Diminuirá, de certa forma, a carga fiscal? Passos sabe que não estamos num momento rotineiro da vida política. A população está atenta a cada palavra que sai da boca do primeiro-ministro e está prestes a cobrar-lhe por cada desvio.

Passos ao escolher a palavra refundar, pretendeu usar algo soft, que não o comprometesse inteiramente. Mas, e como já disse acima, a altura não está para meias-palavras. As pessoas/eleitores interpretarão refundar como um alívio dos sacrifícios e, se isso não suceder, apenas atiçará mais a contestação de rua. Passos pode ter dado mais uma munição àqueles que o querem ver destituído.

Por isso, Passos agora encontra-se frente a (mais um) dilema. Não basta, para diminuir o fervor da água deitar para dentro da panela um copo de água morna. Será preciso diminuir um pouco a intensidade do lume. Como é que o vai fazer? Passos não adiantou. Aguardemos novidades.

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