Internamente, a margem do governo esgotou-se. Conseguindo
agregar na oposição às suas políticas diversos segmentos sociais, parece que
Passos quebrou com um paradigma imposto por Marx e Engels. Há, contra as
políticas orçamentais deste governo, uma união de classes. CIP e CGTP. Patrões
e sindicatos.
O orçamento proposto para 2013 é avassalador. Contrariando o
seu código genético (supostamente liberal), Gaspar e Passos aumentaram a carga
fiscal, fazendo inimigos políticos em todos os quadrantes. A esquerda e a
extrema-esquerda falam dos ameaçadores cortes no Estado Social (engraçado que
os marxistas encaravam o Estado Providência como uma forma de dominação da
classe dominante, mas isso são contas de outro rosário...) e a direita liberal fala de um governo que está a
“bombardear” fiscalmente os contribuintes.
Ou seja, o governo está isolado. Mas ingénuos são aqueles
que pensam que está a navegar sem rumo. Gaspar, tal como um jogador de póquer que se vê encostado à parede, apostou todas as fichas no único
“out-come” que lhe pode salvar a pele. A credibilidade externa, traduzida num
baixar de juros é o único indicador económico que (ainda) lhe é favorável.
É, e Passos sabe-o (foco-me para o Passos porque é o
político no duo com o tecnocrata Gaspar) a única maneira de o governo ser
salvo. E, se as previsões se confirmarem, ainda há um ano de travessia no
deserto. Aguentará o barco até lá? Parece não haver outro rumo, face ao
nebuloso discurso que nos chega da União Europeia.
Até Setembro de 2013, ainda vamos ter mais uma reforma
estrutural. A modificação do hino português. Marchar contra os canhões (ou
bretões) já não é uma realidade. Gaspar lançou o mote: “Até aos mercados,
marchar, marchar!”. A ver se o soldado não chega lá estropiado.
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