terça-feira, 28 de agosto de 2012

Romney o libero-conservador: Do aborto à política externa.





Qual é o posicionamento ideológico de Mitt Romney? Toda a gente sabe e...ninguém sabe. Há quem o apelide de conservador, outros de neoliberal. Nem um nem outro se lhe aplicam, acho. Romney é uma amálgama. Um libero-conservador. Mas o candidato à presidência dos EUA, na sapiência que tem caracterizado os republicanos nos últimos anos, consegue tirar o pior dos dois mundos.

Vejamos a escolha que o candidato republicano fez para seu vice. Nada mais, nada menos que Paul Ryan, o ideólogo do Partido Republicano, que mais parece o infiltrado do Tea Party nesta corrida à Casa Branca. Sim, Romney visto como um moderado no seio do seu partido (só para termos noção do extremismo que para ali vai) tinha que agradar ao Tea Party que parece ter tomado os republicanos como reféns.

Foquemo-nos primeiro nas questões sociais levantadas por esta dupla Romney/Ryan. Primeira e mais recente: a legalização do aborto. Esta questão foi trazida a público pelo congressista Todd Akin que fez comentários dignos de um imã de uma qualquer mesquita do Afeganistão profundo. Romney viu-se entalado. Não era uma questão que quisesse trazer ao debate público. Depois a coisa começou a aprofundar-se (malditos jornalistas!) e descobriu-se que os republicanos defendiam leis retrógradas como, por exemplo, a “Protect Life Act”. Nome curioso, já que permite aos hospitais recusarem fazer abortos, mesmo que a mulher esteja em perigo de vida. Os democratas chamam-lhe “Let the Women Die Act”.

Mas mais velada e perigosa é a emenda à Constituição que os republicanos gostariam de ver aprovada. Nela, há um ataque às políticas de aborto e – pasme-se (ou não) – ao casamento homossexual. Culpando os juízes que o aprovaram por um “ataque às fundações da nossa sociedade”. Fosse o casamento gay o cerne dos problemas da humanidade e, acreditem fellow republicans, todos poderíamos viver mais descansados.

Mas, além das questões de índole social temos também, as (inevitáveis) económicas. Também aqui o Tea Party...digo...Republican Party, quer jogar a sua cartada. Mas, surpreendentemente, adoptando uma postura muito mais “liberal”. Desregulação da economia, apostando nas “virtudes” de Wall Street. Mas pelo caminho tem que se destruir o ódio de estimação destes “liberais” encapotados. As reformas sociais de Obama. Querem voltar ao mundo maravilhoso onde só teria acesso a cuidados de saúde quem usufruísse de um seguro de saúde generoso. Para isso só precisaria de ser rico. Mas não o seremos todos na utopia republicana?

E depois há a inevitável questão da política externa. Já nem me vou focar nos talentos diplomáticos de Romney. Apenas realço que de acordo com o plano Romney, tão poupado em questões sociais, apresenta um orçamento de defesa “off the roof”. Enfim, as contradições de Romney. O libero-conservador.

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